Foto: Luiís Froufe
A abertura do evento contou com a presença de diversas autoridades
Com o objetivo de discutir o estado da arte desta importante espécie da Mata Atlântica e articular ciência, políticas públicas e práticas locais, foi realizado, em Matinhos (PR), o I Seminário Brasileiro da Palmeira Juçara em Sistema Agroecológico. O evento aconteceu entre 14 e 16 de maio de 2025 e reuniu especialistas, agricultores, gestores públicos e lideranças comunitárias em torno de um objetivo comum: transformar a Juçara (Euterpe edulis) em um símbolo de equilíbrio entre conservação ambiental, geração de renda e justiça social. O evento, pioneiro em escala nacional, foi transmitido ao vivo pelo canal da Embrapa no YouTube, e destacou a urgência de políticas públicas integradas para proteger a espécie – ameaçada pelo extrativismo predatório do palmito, mas, sobretudo, pela drástica redução de suas áreas de ocorrência natural – enquanto fortalece cadeias produtivas sustentáveis baseadas no uso do fruto.
A abertura do seminário foi marcada por uma reflexão sobre o papel da Juçara na restauração da Mata Atlântica. O pesquisador da Embrapa Florestas e um dos organizadores do evento, Eduardo Seoane, apresentou dados de que a espécie perdeu mais de 50% de sua população nas últimas décadas devido ao desmatamento e à exploração ilegal. No entanto, ele enfatizou que a coleta de frutos, em vez do corte do palmito, pode reverter esse cenário. “Cada palmeira adulta produz até três quilos de polpa por safra, gerando renda sem destruir a planta”, explicou. Essa abordagem foi reforçada por Maurício Sedrez (Universidade Federal de Santa Catarina), que mostrou casos no Sul do Brasil onde o manejo sustentável aumentou as populações de Juçara.
Um dos temas centrais foi a regulamentação da cadeia produtiva, que atualmente limita atividades de manejo voluntário e sustentável, e cria obstáculos para agricultores familiares, enquanto favorece operações de maior escala. Isso reforça a necessidade de uma legislação mais específica e diferenciada para a Juçara, especialmente quando praticada de forma agroecológica. Representantes do Ibama, Instituto Chico Mendes (ICMBio) e órgãos estaduais debateram a necessidade de normas claras para o cultivo e a comercialização. “Enquanto alguns estados exigem cadastros complexos, outros nem sequer têm regras específicas”, diz Fernanda Ra